terça-feira, 25 de outubro de 2011

Você quer ser livre? Não quer ser livre?



Do you wanna be free?
Do you wanna be free?
Do you wanna be free?
Don't you wanna be free?
Don't you wanna be free?
Don't you wanna be free?


It's confusing these days!
But moondust will cover you

Como ser livre se temos apenas uma vaga noção do que nos oprime? Como ser livre se sabemos muito bem o que nos oprime mas uma força invisível nos impede de ir contra ela?
Na verdade, a liberdade está diametralmente condicionada ao futuro. É impossível ser livre porque é impossível saber o futuro. 
It's really pissing me off!!!
Beltane in my body, beltane in my soul.
Posso ser um ser da floresta agora?
Posso?
Então eu correria, saltaria, brigaria, me feriria, cruzaria, porque - oh - porque os bichos da floresta não sabem o que é o futuro. (Por isso eles não têm leis morais?) Eles simplesmente - e veja que lindo é isso - são!

mais bicho e mesnos humano

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Space Oddity (David Bowie)



Ground control to major Tom
Ground control to major Tom
Take your protein pills and put your helmet on
(Ten) Ground control (Nine) to major Tom (Eight)
(Seven, six) Commencing countdown (Five), engines on (Four)
(Three, two) Check ignition (One) and may god's (Liftoff) love be with you




This is ground control to major Tom, you've really made the grade
And the papers want to know whose shirts you wear
Now it's time to leave the capsule if you dare


This is major Tom to ground control, I'm stepping through the door
And I'm floating in a most peculiar way
And the stars look very different today
Here am I sitting in a tin can far above the world
Planet Earth is blue and there's nothing I can do


Though I'm past one hundred thousand miles, I'm feeling very still
And I think my spaceship knows which way to go
Tell my wife I love her very much, she knows


Ground control to major Tom, your circuits dead, there's something wrong
Can you hear me, major Tom?
                                          
                                            Can you hear me, major Tom?
                                                                                        
                                                                                        Can you hear me, major Tom?
                                                                                                                                    
                                                                                                                                   Can you hear...




 
Here am I sitting in my tin can far above the Moon
Planet Earth is blue and there's nothing I can do



quarta-feira, 25 de maio de 2011

O silêncio

In Silence - Chiharu Shiota

"Nós, os índios, conhecemos o silêncio. Não temos medo dele.
Na verdade, para nós ele é mais poderoso do que as palavras.
Nossos ancestrais foram educados nas maneiras do silêncio e eles
nos transmitiram esse conhecimento.
"Observa, escuta, e logo atua", nos diziam.
Esta é a maneira correta de viver.
Observa os animais para ver como cuidam se seus filhotes.
Observa os anciões para ver como se comportam.
Observa o homem branco para ver o que querem.
Sempre observa primeiro, com o coração e a mente quietos,
e então aprenderás.
Quanto tiveres observado o suficiente, então poderás atuar.
Com vocês, brancos, é o contrário. Vocês aprendem falando.
Dão prêmios às crianças que falam mais na escola.
Em suas festas, todos tratam de falar.
No trabalho estão sempre tendo reuniões
nas quais todos interrompem a todos,
e todos falam cinco, dez, cem vezes.
E chamam isso de "resolver um problema".
Quando estão numa habitação e há silêncio, ficam nervosos.
Precisam preencher o espaço com sons.
Então, falam compulsivamente, mesmo antes de saber o que vão dizer.
Vocês gostam de discutir.
Nem sequer permitem que o outro termine uma frase.
Sempre interrompem.
Para nós isso é muito desrespeitoso e muito estúpido, inclusive.
Se começas a falar, eu não vou te interromper.
Te escutarei.
Talvez deixe de escutá-lo se não gostar do que estás dizendo.
Mas não vou interromper-te.
Quando terminares, tomarei minha decisão sobre o que disseste,
mas não te direi se não estou de acordo, a menos que seja importante.
Do contrário, simplesmente ficarei calado e me afastarei.
Terás dito o que preciso saber.
Não há mais nada a dizer.
Mas isso não é suficiente para a maioria de vocês.
Deveríamos pensar nas suas palavras como se fossem sementes.
Deveriam plantá-las, e permiti-las crescer em silêncio.
Nossos ancestrais nos ensinaram que a terra está sempre nos falando,
e que devemos ficar em silêncio para escutá-la.
Existem muitas vozes além das nossas.
Muitas vozes.
Só vamos escutá-las em silêncio."

Kent Nerburn - "Neither Wolf nor Dog. On Forgotten Roads with an Indian Elder"

quarta-feira, 18 de maio de 2011

As queer as a clockwork orange


Da Wikipedia:
O Tratamento Ludovico é uma representação artística do fenômeno psicológico conhecido como condicionamento clássico, processo descrito pelo fisiólogo russo Ivan Pavlov. O processo envolve a apresentação repetitiva de um estímulo neutro, que não há reação no organismo, juntamente com algum outro estímulo excitador ou repressor, até que a associação seja construída. Na história [Laranja Mecânica], quando o tratamento é aplicado no protagonista Alex DeLarge, ele é estimulado a associar seu mal-estar à violência.

Das duas, uma: ou Burgess estava muito errado quando escreveu Laranja Mecânica, ou estava muito certo.

Se bem me lembro, eu vi o filme e li o livro, mas lembro mais do filme, já que aquelas expressões que o autor inventou acabam ficando muito chatas até o fim. O filme do Kubrick mostra um futuro em que um grupo de jovens pratica sexo e ultraviolência em doses mais ou menos iguais, regado pelo Moloko, um leite que dava barato, apesar da aparência inocente. Abordavam belas garotas, interessadas ou não, e batiam em velhinhos com bengaladas. Além de usarem roupas que deixariam a Gaga morrendo de inveja!


Alex deLarge, o líder, depois de tanto aprontar, é preso e submetido ao famigerado Tratamento Ludovico, que como explica a Wikipédia, apresentava uma sucessão de imagens de sexo e violência, que a princípio agradam Alex, mas depois acabam por deixá-lo perturbado, incomodado.

Ao final do tratamento, a sociedade vence! Alex está totalmente curado da maldição de seu ímpeto: castrado de seus instintos, ele mal consegue tocar uma moça nua, dignamente postada diante dele. Sente aversão até da sinfonia de que mais gostava, usada estrategicamente no tratamento.


Alex deLarge é o homem do século XXI. O homem sem ímpeto:
  • Politicamente correto
  • Avesso à violência 
  • Trabalhador
  • Liberto de seus instintos
  • Desmotivado ao sexo
  • Inerte
  • Receptivo a tudo que lhe é imposto
  • Recluso e temeroso
Humano?

domingo, 15 de maio de 2011

Fragmentos - Com base em "Bedtime Story", da Björk


Today is the last day that I'm using words
they've gone out, lost their meaning
don't function anymore
Já pensou que tudo que tomamos por realidade é uma grande codificação? 
Tudo codificado em palavras, signos sonoros e escritos... Luzes refletidas em determinadas frequências, as quais classificamos como cores... Percepções táteis, olfativas... Códigos que são "percebidos" pelo filtro dos nossos sentidos e traduzidos pelo cérebro, que dá significado a tudo isso.

Let's get unconscious honey
let's get unconscious
Então, como diz o Beakman, quando o consciente vai dormir, o inconsciente pode sair para brincar!













Travelling - leaving logic and reason
Travelling - to the arms of unconsciousness
Mas o chato é que, mesmo o inconsciente brincando e criando as mais absurdas histórias, ele ainda usa os mesmos significados do que é absorvido pelos sentidos. Sonhamos que estamos voando ou sendo atacados por aranhas gigantes porque o cérebro tem lá dentro a codificação do que é voar - ele sabe como é o voo, pelos pássaros, por exemplo, e aplica isso à gente; ele sabe o que é uma aranha, então muda sua escala, e ele sabe que isso nos assustaria, então temos medo no sonho. Mas e se não fosse assim?

Words are useless
especically sentences
they don't stand for anything
how could they explain how I feel
E se a codificação fosse outra?
E se nem fosse necessário codificação?
E se as palavras abrangessem muito mais que seu sentido?

Travelling travelling - I'm traveling
Travelling travelling - leaving logic and reason
Travelling travelling - I'm gonna relax
Travelling travelling - in the arms of unconsciousness
Qual é a função do silêncio? Qual é a função do vazio?
Há vazios que preenchem mais do que palavras.
Quem lê este texto pode não me conhecer, mas neste vazio do não-conhecimento, ele monta um quebra-cabeça de como eu seria, com base nas peças que tem, como o perfil aí do lado. Pode se aprofundar, e entrar no twitter, pegar mais pecinhas, e as outras que faltam são criações nossas, que colocamos para preencher o quadro. Fazemos isso o tempo todo. Tem uma frase ótima do Leonardo Boff que diz que "a cabeça pensa a partir de onde os pés pisam".


And inside we're all still wet
longing and yearning
how can I explain how I feel?
Tudo isso mediado por um complexo material biológico, interligado em si, de certa forma padronizado na espécie, mas nem sempre funcionando 100%. O próprio corpo pode alterar a mensagem. O aparato neurológico é astonishing!
E às vezes o nosso próprio idioma não dá conta do que estamos querendo dizer exatamente! 
Ou seja, as interferências no processo de comunicação são tantas que uma transmissão perfeita é praticamente um milagre. As consciências são diferentes, os conhecimentos de mundo idem. Individualidades.

and all that you've ever learned
try to forget
I'll never explain again

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Eu dentro do sonho de Frida Kahlo

Esta noite eu tive um sonho muito do estranho.

Na verdade, só o fato de eu sonhar já é meio incomum, ou de eu me lembrar, porque já ouvi falar que a gente só se lembra do que sonhou se acordamos no meio, e eu costumo dormir muito bem, obrigada.


Enfim, o sonho foi assim:

Eu e outra pessoa, não sei quem, éramos caveiras em desintegração, que alguém passava em algo tipo um toca-disco, um círculo que rodava. E as caveiras, no caso eu uma delas, iam se desintegrando. Até que no fim éramos libertas, éramos como fantasmas, voávamos (mas por algum motivo não atravessávamos paredes), e isso era lindo e libertador.

Como eu havia lido um pouco de "O segredo de Frida Kahlo" antes de dormir, não foi difícil saber de onde veio tanta informação. As caveiras são as típicas caveiras de açúcar mexicanas, que por sua vez são oferendas do Día de Los Muertos. Daí já saiu 80% do sonho.


Mas o que me intrigou mesmo foi essa ideia de libertação com a desintegração. Até quando eu era caveira, eu estava feliz com aquilo, e a sensação de liberdade dos sentidos foi incrível. Na verdade o ponto foi esse, libertação dos sentidos. Acho que ultimamente eu tenho utilizado e dependido tanto deles que esse sonho me mandou uma mensagem, de "pega leve". Ou não, como diz aquele famoso cantor baiano. Churi churin fun flais.



quarta-feira, 9 de março de 2011

A caixa de sonhos, ou Como cada vez mais eu sinto estar vivendo na realidade criada por outras pessoas que nada têm a ver comigo

Hoje eu acordei e comecei a perceber que este mundo em que eu vivo não é o mundo como eu imaginaria.
Ele já foi e é imaginado o tempo todo por pessoas que de certa forma têm mais influência que eu sobre as outras - isso é o que eles chamam 'poder'.

O poder daria uma enorme discussão, mas hoje vou falar sobre o mundo imaginado pelos outros. 
Por exemplo: por que na barraquinha de sorvetes só tem sorvetes doces? Por que os modelos de roupas para as pernas são só variações de calças e saias? Por que os modelos de carros são sempre parecidos? Por que dizem que se uma pessoa não casar ou morar junto com alguém ela vai ficar 'sozinha'? Por que sempre existe apenas um ou dois modos aceitos de se fazer as coisas e os restantes são taxados como loucura?


Viram? Isso é o que eu quero dizer. O livre arbítrio é uma falsa ilusão de que temos alguma escolha. Nossa vida é um fast food: podemos escolher o que quisermos, mas as opções vão só do combo 1 ao 6 e uma ou duas sobremesas. 

Você já imaginou como isso pode ser usado em uma escala maior? Você já imaginou que isso é usado o tempo todo em uma escala maior?

As histórias são reescritas o tempo todo. Há camadas e camadas de tinta por cima de uma ideia original. 
Veja que eu não usei o termo 'verdade'. Você se arriscaria a encontrar a verdade depois disso? Descascar as várias camadas dessa cebola e ver o que sobra quando se chega ao fim.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

A verdade está nos olhos de quem a vê?

Nos últimos dias, tenho feito muitas, inúmeras leituras. Faz parte do estágio para trabalhar na biblioteca. E nelas, uma questão tem constantemente me incomodado, em livros de temas diversos. Parece que ela quer que eu a veja, a note, reflita sobre ela. A questão é: como tudo que vivemos agora foi moldado na Idade Média, que os valores "criados" lá são os que se refletem forte em nossa vida. Outra, também relativa, é de como a verdade está nas mãos de quem tem o poder em determinado período histórico, definindo todo o modo de ser, ver e crer dos indivíduos, independente de suas vontades (que, por conseguinte, também é manipulada):

Folklore can contain religious or mythic elements, it equally concerns itself with the sometimes mundane traditions of everyday life. Folklore frequently ties the practical and the esoteric into one narrative package. It has often been conflated with mythology, and vice versa, because it has been assumed that any figurative story that does not pertain to the dominant beliefs of the time is not of the same status as those dominant beliefs.Thus, Roman religion is called "myth" by Christians. In that way, both "myth" and "folklore" have become catch-all terms for all figurative narratives which do not correspond with the dominant belief structure. (Wikipedia, verbete Folklore)